HOMOSSEXUALIDADE
E AMOR
Por causa do último capitulo
da novela “Amor à vida”, apresentada pela Rede Globo de Televisão,
especificamente a cena em que Félix e Nico se beijam.
Apesar de professar de pés
juntos não ser preconceituosa, a tal cena me causou estranheza, não um
sentimento de repulsa ou nojo, longe disso; mas, um sentimento relacionado à
certeza que algumas coisas em nossa sociedade começariam a tomar um novo rumo.
Indiferente aos sentimentos alheios positivos ou negativos, a sofrida classe
dos homossexuais teria, a partir daquele momento, algo que os havia
fortalecido.
Esse novo panorama seria bom
ou não? Conversando com amigos, com a família, escutando conversas no Shopping
Iguatemi de Ribeirão Preto, percebi a diversidade de opiniões, desde a raiva
desmedida de alguns, que se serviam mesmo de xingamentos odiosos, até aqueles
que não davam a mínima para o acontecimento; mas, com certeza, percebia-se no
ar um astral de receio e insegurança, afinal andando por aqueles corredores já
podíamos perceber alguns casais sem receio de mostrar a sua escolha, e para
alguns isso é um perigo para os seus pequenos, afinal quem quer ter um
homossexual na família, de boa mesmo, sem estranheza? Apenas aqueles que já
entendem que cada um vive o que dá conta para realizar a sua própria
felicidade, e convenhamos isso é bastante raro.
Cheguei a minha casa e estou
aqui refletindo sobre o assunto, sobre o que é certo ou não, o que é normal ou não,
o que pode nos fazer feliz ou não.
Cheguei a algumas conclusões
extraordinárias, confesso que fiz até pesquisa sobre algumas dúvidas que tinha
a respeito de sexualidade.
Interessante é que cada
animal tem sua própria cultura, seu próprio estilo de vida e até seu próprio
ritual de acasalamento, inclusive algumas espécies têm sua sociedade inteira
baseada no sexo, como o Bonobo, uma espécie de símio, enquanto outros animais,
simplesmente, não têm vontade de entrar no coito, o caso dos Pandas.
Determinadas sociedades
acabam se adaptando na falta de fêmeas ou de machos, simplesmente assumem o
papel do déficit estabelecido pela necessidade da continuidade da espécie, isto
é: mudam de sexo, do feminino para o masculino, do masculino pelo feminino.
Isso me fez refletir sobre
as necessidades da sociedade dos hominídeos, isto é, nós da raça humana. O que
anda acontecendo no planeta em relação à procriação dos humanos, já sabemos,
cientificamente comprovado, que há uma superlotação, que pode acabar
desencadeando crises mundiais em relação a espaço, alimentação, etc. etc. etc.,
que acabaram destruindo o que ainda resta de saudável do orbe terrestre.
Então... neste momento... a
homossexualidade até que pode ser considerada algo saudável em relação ao
equilíbrio planetário.
Mas... não somos apenas
animais vertebrados, bípedes e mamíferos, somos também animais dotados do
princípio inteligente, emocionais e possuímos um espírito que evolui em direção
à perfeição, analisando por esse lado, percebo que há muito mais a se pensar e
refletir, por exemplo: no caso da novela “Amor à vida”, que conta a história de
uma pessoa do sexo masculino, mas que sempre se sentiu um estranho dentro da
história que vivia, acabando em relacionamentos promíscuos e sem amor, que
cresceu num ambiente hostil, extremamente carente, com forte tendência a
desenvolver um lado de personalidade bastante desequilibrado, vingativo na dor
sofrida, etc., mas que encontra alguém melhor do que ele, também do sexo
masculino, que mostra outro aspecto da vida desconhecida até aquele momento,
que confia nele, acredita nele e luta por ele; conseguindo com o tempo que o
vilão malvado descubra que também é um ser dotado de bondade latente; a
transformação lenta, refletida e dolorosa acontece. O vilão descobre que tem um
lado luminoso, que não vive apenas de trevas, que sua mente pode transformar a
ignorância em sabedoria, e isso acontece.
Pensei... se o caso fosse
verdadeiro, ou se houver casos semelhantes, onde está o desequilíbrio? O que
aconteceu é algo divino, o amor que transforma, o amor que acorda consciências,
o amor que necessita ainda da manifestação material através de carinhos e
carícias, mas é amor.
Quando o amor liberta o que
temos de melhor em nós mesmos, a sua manifestação não é promíscua, não é
doente, não violenta a natureza; afinal, não somos só animais com determinantes
físicos, machos ou fêmeas, somos seres pensantes emocionais, que amamos independente
de escolhas apenas racionais.
Conheço muitas pessoas
homossexuais que possuem uma vida útil social, que vivem em lares harmônicos
com seus filhos adotivos, mas que, com certeza, foram gerados no coração.
Conheço muitas pessoas
heterossexuais que são indiferentes as necessidades sociais de suas comunidades
de convívio, verdadeiros déspotas dentro de suas casas, infiéis, agressivos,
desrespeitosos e que mantêm relações extraconjugais promíscuas, trazendo
doenças para dentro de suas casas, contaminando seus entes queridos com doenças
sexualmente transmissíveis, e pior adoecendo emocionalmente aqueles a quem
deveriam amar acima de tudo.
Analisando tudo isso que
expus, chego a uma conclusão muito simples, o que realmente importa nesse mundo
abençoado de oportunidades é a maneira como professamos o amor, seja
homossexual ou heterossexual, porque “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por
excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso
realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e
corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o
amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar do termo, mas
esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações
e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade
pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que,
sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento!
Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo!
Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus
pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os
mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.” (O Evangelho Segundo o
Espiritismo – Capitulo XI, item 8, A Lei de Amor”.
O mundo evolui, porque os seres que o habitam também evoluem, e acredito
fielmente em Deus, sabendo que cada momento tem a sua função nesse processo, e
o preconceito precisa ser varrido de nossos corações, não para debaixo de um tapete
roto e já gasto, mas para fora de nossas almas, de nosso espírito eterno, e as
relações múltiplas, heterogêneas, diversas entre nós é um caminho de
aprendizagem.
A natureza criou suas espécies que evoluíram até o reino hominal, hoje,
dotados de inteligência, aptos a alcançar sabedoria e paz, envolvidos em
conflitos, que se originam nos sentimentos e emoções que se multiplicam nas
diversas encarnações vividas, através dos tempos, acertando arestas com a única
finalidade de educar para um futuro mais feliz, como podemos julgar o outro
nesse processo único e intransferível de cada um, se não damos conta nem mesmo
de conhecer a nós mesmos?
Vivamos nossas experiências de maneira digna e natural, entendendo
nossos limites e sofrimentos, e permitamos aos nossos irmãos a sua própria
liberdade de viver o hoje, como dá conta e como entende o certo e o errado, sob
a sua compreensão do momento.
Continuando com a bela lição de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
ressalto o parágrafo: “Disse que o homem, no seu início, tem apenas
instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do
ponto de partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário
vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes,
sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os
embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o
carvalho. Os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua
crisálida, permanecem subjugados pelos instintos.”
Evolução moral em busca da
perfeição, cada qual no seu passo e na sua necessidade, deixemos de julgar e
condenar sobre o que nos assusta e nos deprime, esse sentimento mesquinho está
diretamente vinculado à nossa ignorância, que nos mantêm presos sob fortes
correntes sombrias. Respeitemos nossos irmãos independente de como eles
professam a sua sexualidade e lembrando aqui:
“Quem
estiver sem pecado, que atire a primeira pedra” (Jô,
8:7)
Concluindo essa reflexão com
o último parágrafo do belo texto “A Lei de Amor”: “O Espírito deve ser
cultivado como um campo. Toda a riqueza futura depende do trabalho atual. E
mais que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação. Será então
que, compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os
suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes.”
Essa reflexão foi muito boa
para mim, acabei de psicografar um livro e ele termina descrevendo o casamento
de dois casais, e um deles de homossexuais, e andava me questionando sobre
isso, sobre o que pensariam sobre isso, afinal sou uma escritora espírita,
agora estou tranquila, sei que a história é linda, verdadeira e mostra um
caminho saudável para esses personagens, estou feliz.
Agora aos vinte e nove
minutos de um novo dia, vou deitar e descansar, sei que sou uma pessoa melhor,
entendi algo inovador em nossa sociedade milenar, que cada um deve buscar o seu
equilíbrio dentro de suas possibilidades e o melhor que podemos fazer é ser
apoio à humanidade neste processo constante de transformação pessoal e
planetária.
Boa noite e durmam com Deus,
amem a humanidade e sejam humanos com ela.
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