quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

AINDA SOBRE PRECONCEITO - HOMOSSEXUALIDADE

Tive a felicidade de psicografar o livro "Aldeia da Escuridão" com o querido amigo Vinicius (Pedro de Camargo), e um capitulo saltou aos meus olhos devido o raciocínio coerente de um dos personagens, o Dr. Adalton, quando conversando com seu filho Claudio, sobre o jovem Toni. Espero que gostem, confesso que me fez pensar, refletir, questionar meu posicionamento a respeito de alguns conceitos ainda pendentes em minha cabeça, ou definindo melhor o meu sentir: conflito caótico (RS).




ALDEIA DA ESCURIDÃO
CAPÍTULO XVI

Servir a Deus e a Mamon  - Salvação dos Ricos

1. Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer um e amar ao outro, ou há de entregar-se a um e não fazer caso do outro; vós não podeis servir a Deus e às riquezas. (Lucas, XVI:13) – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XVI – Servir a Deus e a Mamon – Salvação dos Ricos – Ítem 1.

            Adalton encontrava-se em sua residência, quando chegou Cláudio, seu filho de 32 anos, ainda solteiro.
- Boa noite, pai! E a mamãe está em casa?  - Perguntou Cláudio.
- Não, ela foi à Casa Espírita, integrou-se a um grupo de iniciantes, ela e o Nelson, são os responsáveis em dirigir esse estudo. – Respondeu Adalton.
- Muito bom! A mamãe se realiza nesse tipo de trabalho. – Falou Cláudio.
- Por isso quando não precisamos mais de sua contribuição financeira para o sustento da casa, conversamos e decidimos que ela deveria se afastar do trabalho como secretária, e então passou a se dedicar ao trabalho voluntário. – Falou Adalton.
- E eu sei que ela muito tem ajudado. Outro dia mesmo encontrei aquela moça, psicóloga, que também é voluntária no orfanato, e ela me disse que eles agradecem muito o trabalho de mamãe junto às crianças e também na organização financeira da instituição. – Falou Cláudio.
- Você se refere à Mara? Ela tem estudado conosco, aqui em casa, as quarta-feiras. – Falou Adalton.
- Parece que, realmente, ela descobriu a Doutrina Espírita, senti que está encantada com o que vem descobrindo. – Falou Cláudio.
- E você? O que o traz aqui no dia de hoje? – Perguntou Adalton.
- Eu preciso ter uma conversa séria com você e mamãe, é a respeito do Toni. – Falou Cláudio.
            Adalton abaixou a cabeça e perguntou:
- Pode ser comigo primeiro? – Perguntou Adalton.
- Eu até prefiro, mas depois precisamos falar com mamãe. Eu até acredito que você já saiba do assunto, mas sinto que é importante conversarmos a respeito, principalmente para ajudar o Toni. – Falou Cláudio.
- Pode falar, meu filho, eu apenas desconfio do que seja. – Respondeu Adalton.
- Pai, você sabe que o meu irmão sempre foi diferente, às vezes, eu atribuía suas esquisitices por ser temporão, hoje ele conta com vinte e três anos, e eu já tenho trinta e dois, são nove anos de diferença. Quando ele nasceu foi uma festa, pois nós já estávamos bem crescidinhos, então todos o mimamos muito, não parecia nosso irmão mais novo, mas sim responsabilidade de todos nós. – Falou Claudio
- E o menino era arteiro, como era danado! Nós não podíamos descuidar um só segundo dele, pois ele já estava aprontando. – Falou Adalton.
- Ele era levado da breca, como dizia a vovó Antonia, mas ele não era maldoso. Gostava de aventuras, mas agora estou preocupado demais com ele. Você sabe que ele nunca teve uma namorada que durasse mais de uma semana? E outro dia ele chegou à casa muito nervoso, e desde que ele foi morar comigo, há dois anos, para ficar próximo da faculdade, essa foi a primeira vez que o vi descontrolado. – Falou Cláudio.
- Realmente, é preocupante, pois o Toni é bastante calmo e somente toma decisões após pensar muito no assunto. Mas porque você fez o comentário de que os namoros de seu irmão não duram? – Comentou Adalton.
- Por que esse foi o motivo de sua irritação. Ele me disse, depois que insisti muito em saber o que estava acontecendo, que seus amigos de faculdade andam fazendo pilhérias com ele, justamente por não ter namorada. Disseram a ele que deve ser homossexual, e não nessas palavras, mas com termos de deboche. – Falou Cláudio.
- Meu Deus! Isso deve tê-lo magoado muito. – Falou Adalton.
- Por terem dito a ele que é homossexual? – Perguntou Cláudio.
- Não, pela falta de respeito da qual foi alvo, Toni leva muito em conta esse aspecto em seus relacionamentos, sejam de que tipo for. – Falou Adalton.
- Pai, eu vim até aqui, pois eu receio que realmente o Toni tenha tendências homossexuais. Por favor, não me leve a mal, eu só quero o bem de meu irmão, o senhor sabe o quanto nós o amamos. – Falou Cláudio, demonstrando constrangimento.
- Por que o receio, meu filho? – Perguntou Adalton.
- Como por que o receio? O senhor sabe que a homossexualidade é um desvio grave! – Respondeu Cláudio.
- O que sei é que a homossexualidade é uma anomalia comportamental do espírito que pode se manifestar por várias razões, todas ligadas às deficiências morais, devido desvios dessa ou de outras encarnações. O que sei é que precisamos entender que o Toni passa por momentos de expiação e de provação como todos nós, apenas suas dificuldades despertam atitudes preconceituosas de outras pessoas. – Respondeu Adalton.
- Pai eu não tenho preconceito contra meu irmão, apenas estou querendo ajudá-lo. – Respondeu Cláudio.
- Eu sei de suas boas intenções, vamos fazer uma comparação: lembra quando a Leia, sua irmã, durante a adolescência manifestou tendências a maledicência? – Perguntou Adalton.
- Lembro sim, nós conversamos sobre o assunto, quando o senhor nos pediu ajuda, dizendo que ela precisava de nosso apoio e de nossa compreensão e não de nossas críticas agressivas. – Respondeu Cláudio.
- O que há de diferente no caso de Toni? – Perguntou Adalton, olhando nos olhos de seu filho.
- Mas, pai, o caso é totalmente diferente, agora é assunto moral grave. – Afirmou Cláudio.
- E a maledicência? Não é também um vício moral grave? – Perguntou novamente Adalton.
- É diferente! É que a sociedade cobra muito esse tipo de comportamento, enquanto a maledicência... – Falou Cláudio.
- A maledicência pode até passar despercebida, não é? Então, nós não nos vemos expostos a opinião alheia, e como resultado nosso orgulho não é ferido, enquanto que ter um homossexual na família, soa como defeito de todos, isso nos deixa extremamente envergonhados. – Falou Adalton.
- O senhor está sendo duro comigo. – Falou Cláudio.
- Estou dizendo alguma bobagem, filho? – Perguntou Adalton.
- Não, pai, mas para mim é difícil ver nosso pequeno Toni dessa maneira. Gostaria que ele fosse forte o bastante para sublimar as necessidades físicas. – Falou Cláudio.
- E dessa maneira livrá-lo do vexame? Sublimar é ação de espírito mais esclarecido, e pouquíssimos de nós, ainda necessitados de experiências reencarnacionistas, temos a capacidade de sublimar sensações tão fortes. – Comentou Adalton.
- Eu ainda não entendo porque se expor a uma encarnação de tanto conflito, no caso da troca de sexo, e como isso poderá auxiliar um espírito que não conseguiu superar viciações naquilo que já lhe era familiar. – Questionou Cláudio.
- Cada caso é um caso, nunca poderemos avaliar o resultado de um trabalho reencarnacionista baseados no resultado de outro. Todos nós temos características de personalidade própria, desenvolvidas conforme vivenciados e sentimos tudo que experienciamos, tanto no plano material como no plano físico. O que sei sem sombras de duvida é da bondade de Deus e da confiança que tenho no plano dos espíritos melhores, e que, não raras vezes, nos deliberam experiências que apenas visam quebrar padrões viciosos. Um dos casos mais comuns é a troca compulsória do sexo, que em um primeiro momento pode mostrar-se traumática e dificultosa, mas que também nos leva a sofrimentos atrozes, que nos obrigam a questionamentos morais. – Falou Adalton.
- Por que sublimar seria tão difícil? – Perguntou Cláudio.
- Somente um espírito de elevação moral superior conseguiria essa sublimação, através do direcionamento da energia concentrada no centro genésico, que é energia de criação. Atualmente, podemos citar dois exemplos de dignidade moral: Divaldo Pereira Franco, que redirecionou essa bendita energia para a palestra e Chico Xavier para a psicografia, e ambos são responsáveis por uma quantidade de obras especialmente importantes para a humanidade. E você acredita, meu filho, que um espírito ainda ignorante, teria a capacidade de sublimar a energia sexual que cobra a satisfação de necessidades físicas através do contato material? – Perguntou Adalton.
- Você tem razão, pai, mas ainda é muito difícil para mim, ver meu irmão dessa maneira. – Falou Cláudio.
- Bom!? Então podemos deduzir que você tem um problema? – Perguntou Adalton.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

OUVIDOS PARA OUVIR?

Esse texto foi inspirado em um desabafo de querida amiga, que acabou por despertar em mim, algumas indagações pessoais, então... aí vai meus agradecimentos a voce por ter auxiliado a torna-me um pouco melhor, ou pelo menos, a questionar determinadas posturas diante de situações até mesmo corriqueiras.

Estava sentada na calçada, ainda triste com os últimos acontecimentos da minha vida. Refletia, pensava, questionava sobre tudo o que andava experimentando de sentimentos e era uma crise só. Havia até alguns momentos em que duvidava de minhas razões, afinal não era um ser perfeito, mas também não era tão ruim assim, somente tinha algumas opiniões tão certas a respeito de determinados assuntos, que não conseguia perceber a razão da discordancia do outro.
Estava eu, aqui e agora, sozinha e todos dizendo que a culpa pertencia a mim, que não sabia ouvir o outro e ser flexível quanto a opinião alheia.
Chorei baixinho para ninguém ouvir, abaixei o rosto para ninguém ver minhas lágrimas, que teimavam em molhar meu rosto, denunciando a minha dor e a minha solidão.
Será que nào soube ouvir, será que não soube calar; mas... e agora?
O que faço para descobrir onde foi que errei, onde foi que perdi a minha paciencia, onde foi que me tornei intolerante e sempre amarga, a ponto de não mais enxergar a beleza das diferenças?
Onde foi que deixei de lado a minha feliz capacidade se gargalhar? De rir de uma queda e transformá-la em um passo de dança, como disse Fernando Sabino?
Pensando nas questões ainda sem respostas, descubro encantanda que ainda sei amar e somente essa capacidade virtuosa conseguirá reerguer-me da dor insana e desnecessária.
Então lembro ainda de mais um Fernando, agora o Verissimo, quando disse em seu poema Quase:

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.