terça-feira, 12 de maio de 2015

HOMOSSEXUALIDADE E AMOR

HOMOSSEXUALIDADE E AMOR


Hoje, para mim, foi um dia muito especial, sabem por quê?
Por causa do último capitulo da novela “Amor à vida”, apresentada pela Rede Globo de Televisão, especificamente a cena em que Félix e Nico se beijam.
Apesar de professar de pés juntos não ser preconceituosa, a tal cena me causou estranheza, não um sentimento de repulsa ou nojo, longe disso; mas, um sentimento relacionado à certeza que algumas coisas em nossa sociedade começariam a tomar um novo rumo. Indiferente aos sentimentos alheios positivos ou negativos, a sofrida classe dos homossexuais teria, a partir daquele momento, algo que os havia fortalecido.
Esse novo panorama seria bom ou não? Conversando com amigos, com a família, escutando conversas no Shopping Iguatemi de Ribeirão Preto, percebi a diversidade de opiniões, desde a raiva desmedida de alguns, que se serviam mesmo de xingamentos odiosos, até aqueles que não davam a mínima para o acontecimento; mas, com certeza, percebia-se no ar um astral de receio e insegurança, afinal andando por aqueles corredores já podíamos perceber alguns casais sem receio de mostrar a sua escolha, e para alguns isso é um perigo para os seus pequenos, afinal quem quer ter um homossexual na família, de boa mesmo, sem estranheza? Apenas aqueles que já entendem que cada um vive o que dá conta para realizar a sua própria felicidade, e convenhamos isso é bastante raro.
Cheguei a minha casa e estou aqui refletindo sobre o assunto, sobre o que é certo ou não, o que é normal ou não, o que pode nos fazer feliz ou não.
Cheguei a algumas conclusões extraordinárias, confesso que fiz até pesquisa sobre algumas dúvidas que tinha a respeito de sexualidade.
Interessante é que cada animal tem sua própria cultura, seu próprio estilo de vida e até seu próprio ritual de acasalamento, inclusive algumas espécies têm sua sociedade inteira baseada no sexo, como o Bonobo, uma espécie de símio, enquanto outros animais, simplesmente, não têm vontade de entrar no coito, o caso dos Pandas.
Determinadas sociedades acabam se adaptando na falta de fêmeas ou de machos, simplesmente assumem o papel do déficit estabelecido pela necessidade da continuidade da espécie, isto é: mudam de sexo, do feminino para o masculino, do masculino pelo feminino.
Isso me fez refletir sobre as necessidades da sociedade dos hominídeos, isto é, nós da raça humana. O que anda acontecendo no planeta em relação à procriação dos humanos, já sabemos, cientificamente comprovado, que há uma superlotação, que pode acabar desencadeando crises mundiais em relação a espaço, alimentação, etc. etc. etc., que acabaram destruindo o que ainda resta de saudável do orbe terrestre.
Então... neste momento... a homossexualidade até que pode ser considerada algo saudável em relação ao equilíbrio planetário.
Mas... não somos apenas animais vertebrados, bípedes e mamíferos, somos também animais dotados do princípio inteligente, emocionais e possuímos um espírito que evolui em direção à perfeição, analisando por esse lado, percebo que há muito mais a se pensar e refletir, por exemplo: no caso da novela “Amor à vida”, que conta a história de uma pessoa do sexo masculino, mas que sempre se sentiu um estranho dentro da história que vivia, acabando em relacionamentos promíscuos e sem amor, que cresceu num ambiente hostil, extremamente carente, com forte tendência a desenvolver um lado de personalidade bastante desequilibrado, vingativo na dor sofrida, etc., mas que encontra alguém melhor do que ele, também do sexo masculino, que mostra outro aspecto da vida desconhecida até aquele momento, que confia nele, acredita nele e luta por ele; conseguindo com o tempo que o vilão malvado descubra que também é um ser dotado de bondade latente; a transformação lenta, refletida e dolorosa acontece. O vilão descobre que tem um lado luminoso, que não vive apenas de trevas, que sua mente pode transformar a ignorância em sabedoria, e isso acontece.
Pensei... se o caso fosse verdadeiro, ou se houver casos semelhantes, onde está o desequilíbrio? O que aconteceu é algo divino, o amor que transforma, o amor que acorda consciências, o amor que necessita ainda da manifestação material através de carinhos e carícias, mas é amor.
Quando o amor liberta o que temos de melhor em nós mesmos, a sua manifestação não é promíscua, não é doente, não violenta a natureza; afinal, não somos só animais com determinantes físicos, machos ou fêmeas, somos seres pensantes emocionais, que amamos independente de escolhas apenas racionais.
Conheço muitas pessoas homossexuais que possuem uma vida útil social, que vivem em lares harmônicos com seus filhos adotivos, mas que, com certeza, foram gerados no coração.
Conheço muitas pessoas heterossexuais que são indiferentes as necessidades sociais de suas comunidades de convívio, verdadeiros déspotas dentro de suas casas, infiéis, agressivos, desrespeitosos e que mantêm relações extraconjugais promíscuas, trazendo doenças para dentro de suas casas, contaminando seus entes queridos com doenças sexualmente transmissíveis, e pior adoecendo emocionalmente aqueles a quem deveriam amar acima de tudo.
Analisando tudo isso que expus, chego a uma conclusão muito simples, o que realmente importa nesse mundo abençoado de oportunidades é a maneira como professamos o amor, seja homossexual ou heterossexual, porque “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento. Não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior, que reúne e condensa em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina, — amor — fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capitulo XI, item 8, A Lei de Amor”.
O mundo evolui, porque os seres que o habitam também evoluem, e acredito fielmente em Deus, sabendo que cada momento tem a sua função nesse processo, e o preconceito precisa ser varrido de nossos corações, não para debaixo de um tapete roto e já gasto, mas para fora de nossas almas, de nosso espírito eterno, e as relações múltiplas, heterogêneas, diversas entre nós é um caminho de aprendizagem.
A natureza criou suas espécies que evoluíram até o reino hominal, hoje, dotados de inteligência, aptos a alcançar sabedoria e paz, envolvidos em conflitos, que se originam nos sentimentos e emoções que se multiplicam nas diversas encarnações vividas, através dos tempos, acertando arestas com a única finalidade de educar para um futuro mais feliz, como podemos julgar o outro nesse processo único e intransferível de cada um, se não damos conta nem mesmo de conhecer a nós mesmos?
Vivamos nossas experiências de maneira digna e natural, entendendo nossos limites e sofrimentos, e permitamos aos nossos irmãos a sua própria liberdade de viver o hoje, como dá conta e como entende o certo e o errado, sob a sua compreensão do momento.
Continuando com a bela lição de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ressalto o parágrafo: “Disse que o homem, no seu início, tem apenas instintos. Aquele, pois, em que os instintos dominam, está mais próximo do ponto de partida que do alvo. Para avançar em direção ao alvo, é necessário vencer os instintos a favor dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar a estes, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota oculta o carvalho. Os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de sua crisálida, permanecem subjugados pelos instintos.”
Evolução moral em busca da perfeição, cada qual no seu passo e na sua necessidade, deixemos de julgar e condenar sobre o que nos assusta e nos deprime, esse sentimento mesquinho está diretamente vinculado à nossa ignorância, que nos mantêm presos sob fortes correntes sombrias. Respeitemos nossos irmãos independente de como eles professam a sua sexualidade e lembrando aqui:  Quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra” (Jô, 8:7)
Concluindo essa reflexão com o último parágrafo do belo texto “A Lei de Amor”: “O Espírito deve ser cultivado como um campo. Toda a riqueza futura depende do trabalho atual. E mais que os bens terrenos, ele vos conduzirá à gloriosa elevação. Será então que, compreendendo a lei do amor, que une a todos os seres, nela buscareis os suaves prazeres da alma, que são o prelúdio das alegrias celestes.”
Essa reflexão foi muito boa para mim, acabei de psicografar um livro e ele termina descrevendo o casamento de dois casais, e um deles de homossexuais, e andava me questionando sobre isso, sobre o que pensariam sobre isso, afinal sou uma escritora espírita, agora estou tranquila, sei que a história é linda, verdadeira e mostra um caminho saudável para esses personagens, estou feliz.
Agora aos vinte e nove minutos de um novo dia, vou deitar e descansar, sei que sou uma pessoa melhor, entendi algo inovador em nossa sociedade milenar, que cada um deve buscar o seu equilíbrio dentro de suas possibilidades e o melhor que podemos fazer é ser apoio à humanidade neste processo constante de transformação pessoal e planetária.
Boa noite e durmam com Deus, amem a humanidade e sejam humanos com ela.


MEU JESUS

Cada um olha para o mestre com a sua capacidade de enxergar, uns ainda insistem na visão do Cristo Crucificado, outros  como aquele que pagou os pecados da humanidade, outros tantos sem emoção alguma, simplesmente, porque não acreditam que pelo nosso amado planeta Terra passou alguém como Ele, sem necessidades materiais e com uma capacidade de amar e perdoar que assustou aos que ainda estão presos na escuridão da própria mente.
Minha avó materna, Maria José de Andrade, mais conhecida como Dona Nenê, ou vovó Nenê, ria muito quando falava de Jesus, era um riso encantador, cristalino, de pura esperança e amor.
Ela falava que esse moço tão bonito, que irradia tanta luz para a humanidade, esteve por aqui para que nós, seus irmãos amados, soubéssemos o que Ele já havia aprendido, e que o levou a esse desprendimento amoroso.
Ela enfatizava que não havia crítica em sua conversa mansa e pacífica, mas gratidão a Deus por Ele permitir que estivesse por aqui ajudando-nos a entender o caminho da felicidade.
Afirmava, com mansa certeza, que Ele é um amigo fiel, daqueles que podemos confiar e contar os mais tristes e tenebrosos segredos que guardamos em nossos corações, e que podíamos sossegar porque Ele apenas nos acalentaria a dor e proporia uma nova caminhada.
Acredita, sem dúvida alguma, que Ele é muito alegre e feliz, inclusive que conseguia escutar a sua risada harmoniosa e carregada de luz. E que quando Ele abria os olhos, estes espelhavam o mais límpido lago de paz.
A minha imagem de Jesus é próxima dessa beleza que minha avó Nenê nos mostrava, o que me entristece é que mesmo acreditando, muitas vezes, não consigo mantê-la viva em meu coração, permitindo que a dor e a tristeza por determinados acontecimentos turvem essa maravilha, então parece até que escuto a voz doce e feliz dessa pequena grande senhora dizendo assim:
- É só mais um dia de aprendizado, levanta dessa tosca e triste madorna e vá buscar Jesus, Ele está doido para te dar um abraço.


Eliane Macarini