sábado, 9 de junho de 2012

COISA DE DOIDO NA UPA TREZE DE MAIO

Ontem, dia 09 de junho de 2012, aproximadamente às 20.00hrs., estive no UPA da Treze de Maio, Ribeirão Preto, com minha filha Bruna, que fez uma cirurgia bariátrica, no HC RPO. Como o HC Campus não atenderia nesse horário, fomos instruídos a procurar um Posto de Atendimento, porque o dreno abdominal estava entupido, caso, relativamente grave, se não for resolvido. Lá chegando, recebemos excelente atendimento das recepções e de um enfermeiro, que infelizmente, não sei o nome, mas se ele ler esse texto vai saber que falo dele; as coisas começaram a complicar quando fomos encaminhados para o "médiquinho" de plantão, ele estava recostado na cadeira e assim continuou, olhou para minha filha e para o dreno entupido e disse:
- Aqui não temos recurso para mexer com isso. Na verdade nem sei como isso  funciona.
Sinceramente, olhei para ele com cara de tonta, acreditei, de verdade mesmo, que eu tinha escutado ou entendido errado. Então, questionei:
- O QUE?
- Sei que vocês esperavam mais de nós, mas não podemos fazer nada.
Então, minha filha olhou para ele com raiva e disse:
- E o que eu faço? Morro com infecção?
- Espera um pouco que eu vou procurar um médico que entenda disso? Talvez eu encontre um professor.
Eu e a Bruna ficamos olhando uma para a outra, acho que questionando se aquela cena bizarra tinha acontecido de verdade, porque até agora eu ainda duvido de minhas lembranças.
Alguns minutos de silencio passaram, assim passando...  aí o “médiquinho” voltou acompanhado do tal médico de verdade, que também não sabia o que fazer com o dreno entupido, então era outro médiquinho, e de agora em diante sem aspas, porque acredito que ainda os estou elogiando.
Nesse momento, o 1º. Médiquinho teve uma brilhante ideia, então aconselhou a Bruna: para ir embaixo do chuveiro, soltar a bolsa coletora do dreno, e sacudir o caninho que estava preso dentro da barriga até soltar o material que a obstruía. Juro que não acreditei, então perguntei a ele:
- Mas... Não é perigoso haver contaminação?
Ele me respondeu que achava que não tinha sido uma boa ideia, então resolveu que devia encaminhá-la à UE do Hospital das Clínicas, e para isso precisava fazer uma regulação, enfim um papel dizendo da urgência de atendimento para a paciente. Para mim, ele deveria escrever sobre a sua incompetência para desentupir um dreno, mas isso também seria pedir muito a minguada sua inteligencia, não é?
Passaram uns 20 minutos e eu fui perguntar se a tal regulação já tinha sido encaminhada a UE, ele me respondeu que não teve tempo, então me deu o papel e instruiu a procurar a dra. Silvia ou a dra. Camila. Lá fui eu:
- Preciso falar com a dra. Silvia ou Camila, por favor.
A enfermeira muito solícita me mostrou a dra. Silvia, atarefada, nem se virou direito para olhar para mim, ou escutar o que eu tinha para dizer, e falou irritada:
- Não vou pegar mais nada. Estou com dois pacientes graves.
Tudo bem, até entendi, ela afirmou estar com dois pacientes graves, então, voltei-me para a enfermeira, que estava visivelmente consternada, e perguntei da dra. Camila. Ela apontou um consultório e lá fui eu, de novo.
Entrei no consultório e lá estava ela, a médiquinha mais médiquinha que já vi, sentada atrás da escrivaninha, caneta na mão, olhou para mim, sem me ver, e perguntou?
- O que foi?
Expliquei o caso, que precisava da tal regulação, e ela:
- Não vai dar (empurrando a folha de volta para mim), não vou pegar esse caso não.
Eu perguntei o que eu deveria fazer, e ela:
- O que a senhora quer que eu faça?
- O que eu quero? Não sei, eu não sou médica e nem funcionária dessa merda, nem sei como isso funciona, e pelo jeito você também não.
Ela continuou me olhando como se eu não estivesse lá, foi aí que eu pirei.
- Voce fez um juramento para trabalhar como médica? Cade seu compromisso? Seu juramento foi de hipócrita e não de Hipócrates. Aí atrás dessa mesa você parece mais uma secretária, incompetente por sinal, do que uma médica. Quer saber? Vai pro inferno.
Sai daquela salinha e no corredor dois policiais me olhavam penalizados, falei com eles aos berros, peço desculpas, e eles apenas concordavam com minha postura desorientada, acredito que entendendo o que me levou à loucura, afinal devem ver isso a todo instante. Enraivecida, gritei, alto e forte, dentro daquela UPA:
- Pelo amor de Deus, tem aqui algum médico de verdade que possa ajudar minha filha?
Aí o enfermeiro, gente fina, veio me auxiliar, pegou o tal papel e foi em busca de solução, até me ofereceu um copo de água, mas naquele momento só aceitaria se fosse balde, vocês sabem para fazer o que.
Resolvi telefonar para um amigo que trabalha no HC, então ele me instruiu a ir direto a UE, fui... e nem disse tchau...
Que beleza! Os médicos de lá, da UE do HC,  ouvem, escutam e respondem... Vocês acreditam? Em menos de cinco minutos, a Bruna foi atendida, por três médicos de verdade mesmo, aparentavam menos de trinta anos, muito seguros, sábios, educados, delicados e respeitosos, nos passaram segurança e confiança, percebemos que aqueles jovens médicos sabiam o que estavam fazendo, faziam com amor ao paciente e a profissão,  e, pasmem, sabiam que aquele negócio que estava entupido tem até nome,  dreno de Blake, que tem conserto, mas precisa saber fazer, e lógico ter feito medicina e frequentado as aulas.
Estou contando com riqueza de detalhes tal história porque até agora fico na dúvida se, realmente, vivi esse caos, dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento, da prefeitura de Ribeirão Preto, sob a direção da prefeita Dárcy Vera e do secretário da saúde Stenio José Correa Miranda.
O que adianta a estrutura física de primeira qualidade, se o principal, o corpo médico, não corresponde às necessidades básicas de conhecimento para atender aqueles que estão em busca de ajuda?
Como esses médiquinhos empoados, metidos de nariz em pé, com o álter ego alterado a ponto de se considerarem deuses corrompidos pela vaidade decrépita, prepotente, mal educados, sem compaixão, sem respeito e sem profissionalismo passam a fazer parte do corpo clínico da rede de saúde pública? UPA... deve ser QI?
Enquanto esperava a tal regulação, vi uma senhora sair do consultório atendido por aquele primeiro médiquinho, abismada, com dor no peito e tossindo muito, e com uma receita de Omeprazol nas mãos, sem um exame, sem respeito algum por parte desse atendente, que se diz médico.
Vou deixar aqui uma pergunta aos responsáveis por nossa cidade, aqueles que receberam votos de confiança da população para agir em nosso nome, afinal de contas, nossos empregados, somos nós que pagamos os seus salários, alias altíssimos para a qualidade dos serviços recebidos:
E AÌ? Meu nome é Eliane Teresinha Macarini de Freitas, e nessa noite memorável na UPA da Treze de Maio que estava lotada, eu vivi essa história de loucos, então é só procurar as testemunhas por lá mesmo, caso haja dúvida...