terça-feira, 25 de setembro de 2012

BERÇO DE LUZ


BERÇO DE LUZ

Uma alegria imensa invade meu coração a cada novo livro, é como uma vitória sobre as minhas próprias limitações, aprendo muito com um mestre incrível, Vinicius (Pedro de Camargo), um amigo exigente, que acrescenta sempre algo novo em minha vida.

Berço de Luz, tem algo a mais, também é uma homenagem a um grande amigo que partiu para outras aventuras, outras vivencias, na verdade a verdadeira pátria de todos nós, o mundo dos espíritos, estou falando de Júnior, Rubens Rodrigues dos Santos Júnior. Com saudades, mas também grata por estar em nossas vidas.

Berço de Luz conta a história de Raquel, uma jovem adolescente que experimenta uma das mais belas experiencias para uma mulher, a gestação de um filho, mas também precisa lutar contra a insegurança e o medo da incompreensão da sociedade, desde a família, a escola, etc.

Berço de Luz nos mostra que sempre há um propósito maior em tudo que vivemos, precisamos apenas acreditar e viver essa maravilha.

Vinicius encerra esse livro com o seguinte comentário, que é pura esperança para a humanidade:

"Olhando o céu, vimos uma bola de fogo explodindo em milhões de pequenos focos luminosos, dourados e quentes como o próprio sol, iluminando a escuridão e produzindo um som, que mais nos pareceu o lamento triste e mavioso de uma baleia.
            Mais do que admirados, emocionados, vimos que os pequenos pontos dourados se transmutavam em pequenas explosões prateadas, invisíveis aos olhos humanos, mas que queimava a densa energia que encontrava em seu caminho. Transformando trevas em luz de esperança.
            Observando o espetáculo da natureza profícua, entendi que embora existam várias maneiras de experimentarmos o nascimento do espírito em um corpo de bênçãos, todos os berços são berço de luz."

TOMODASHI, EU E O LAGO

TOMODASHI, EU E O LAGO

Aqueles foram dias difíceis, meu coração palpitava ansioso em busca de respostas para tanta dor, minha alma insatisfeita recusava a realidade que me confrontava a fé.
Entrei, quieto e triste, no consultório do médico, esperava os resultados daqueles exames como se não mais houvesse o amanhã.
            Estava sozinho, eu, meus preconceitos e minha falta de esperança, ouvi o diagnóstico em silencio, eu estava com leucemia, nem mesmo perguntei sobre sintomas, curas ou mesmo se minha vida estava terminando.
            Sai dali apalermado, com pena de mim mesmo. Não sabia o que fazer para minimizar minhas dores e meus receios, não alimentava esperança, nem mesmo acreditava no futuro.
            Parei o carro junto ao Bosque Municipal, na cidade de Ribeirão Preto, olhei para a imensa área verde, resolvi andar por ali, quem sabe assim esgotava aquele cadinho de sofrimento, e quando saísse dali a vida teria voltado a ser feliz.
            Caminhava vagarosamente, sem ver, sem sentir, sem sonhar. Sentei em uma pedra, estava no Jardim Japones, algumas pessoas caminhavam e desfrutavam o bem estar da manhã radiosa.
            Levantei de meu assento, cabeça baixa, pensamentos negativos e infelizes; aproximei-me de um lago e fiquei observando os peixes que afundavam e voltavam à superfície. Pensei, angustiado:
- Eu apenas estou afundando, nunca mais irei emergir desse poço de escuridão.
            Um senhor de aparência frágil, os olhos rasgados, a pele viçosa e os lábios desenhados num sorriso feliz, ainda com dificuldades para se expressar em português, se aproximou de mim, tranquilo falou:
- Sou Tomodashi. Aqui lago é curto, não morri não.
            Olhei para aquela pequena criatura e pensei:
- Deve ser do Japão, ainda nem fala português direito. Até parece que ele sabe o que me vai na alma.
- Olhos são espelhos, gente precisa saber enxergar no espelho. Olhos tristes e sem esperança, amargura no coração. Tomodashi de Tomodashi pode ser.
- Tomodashi de Tomodashi.
            Ele riu feliz e falou com humor:
- Tomodashi, é nome meu; mas tomodashi também é palavra para amigo.
            Ainda confuso por minha própria dor, não entendi direito a sua fala, então perguntei:
- Tomodashi, quer dizer amigo?
- Isso, isso, Tomodashi quer ser do senhor.
- Sou André, e estou triste porque descobri que estou muito doente.
- Ah! – Tomodashi fez pequena pausa e continuou – doença é triste mesmo, principalmente, quando nos rouba o tempo de felicidade. Tomodashi também está doente do corpo, mas não da esperança. Médico falou: tem seis meses. Tomodashi resolveu que esses dias serão os melhores, afinal é bastante tempo para amar mais e olhar a vida com alegria. Tomodashi resolveu não perder esse tempo de esperança.
- E quanto tempo ainda lhe resta?
- Nem Tomodashi, nem médico sabem, já passou seis anos.
            Olhei para o rosto sorridente de meu tomodashi, feliz abracei-o e sai correndo, precisava ver meus netos, meus filhos e minha esposa.
            Havia dado alguns passos, lembrei que precisava saber onde encontrar meu novo amigo Tomodashi, então voltei atrás em meus passos, mas ele não estava lá.
            Uma senhora sentada a minha frente, sorriu e falou com carinho:
- Eu também o vi uma vez, e nunca mais o encontrei, mas está em minhas preces de agradecimento todos os dias.
- E quem é ele?
Ela me olhou com os olhos marejados de lágrimas e, emocionada, falou:
- Um presente de Deus.