domingo, 23 de janeiro de 2011

CARTAS PARA JULIETA





             Há alguns anos, ainda morava em São Paulo, nos doces quinze anos de minha vida, presenciei uma cena que nunca se apagou de minha mente. Eu e uma amiga estávamos voltando da Feira dos Hippies, na Praça da República em São Paulo, bem ao lado do Colégio Caetano de Campos, na Avenida Ipiranga, ríamos muito entre um comentário e outro, e distraídas não percebemos o rapaz que vinha em nossa direção, então... minha amiga e o rapaz se encontraram em um abraço e, admirados, ficaram assim, um olhando para os olhos do outro.
           Não sei quanto tempo foi, mas foi intenso encontro de duas almas que se entenderam em um segundo, um minuto ou uma hora.
         Fiquei quieta, confesso que encantada com os sentimentos que via, uma troca de carícias em apenas um olhar, e a expressão de ambos era de deleite, de realização de um sonho, de encantamento mesmo.
           Em poucos instantes uma vida inteira se passou, uma experiência incrível que apenas observei e ficou gravada em minha mente e em meu coração, tamanha a intensidade percebida e sentida.
          Não sei ao certo o que os trouxe à realidade, mas eles se olharam com angústia, como quando acordamos de um sonho fantástico, sabendo que ele não mais se repetirá; as mão que antes ensaiavam um abraço, foram afrouxando e se afastando deprimidas e carentes. 
         Ambos sussurraram desculpas de olhos baixos, como envergonhados de não ter a coragem de segurar aquele momento.
          Voltamos para casa, silenciosas, minha amiga quieta o resto do dia, apenas sorria entre lágrimas não explicadas. A noite nos encontrou deitadas em nossas camas, ainda silenciosas, então ela me disse:
            - Amanhã volto lá, e depois e depois e depois, até o dia em que voltarei para minha casa.
        Assim foi feito, mas o seu sonho ficou ali, esperando na esquina da Avenida Ipiranga com a Avenida São Luis.
          Isso aconteceu há quase cinquenta anos, como no filme "Cartas para Julieta", e até hoje, eu sei que ela sonha com aquele momento mágico, onde encontrou um sentimento sem igual, que acabou por definir tudo em sua vida como nebuloso, pois nada nunca se comparou àquele momento, um sol divino e encantado. 
           Então, escrevo a todos que ainda sentem a incerteza de algumas escolhas, e se veem limitados entre o "e" e o "se", para dizer que sempre podemos recomeçar e resgatar nossos sonhos mais lindos.
         Estou gostando de postar esse texto, e fico aqui imaginando, se aquele rapaz que teve um raríssimo encontro de amor na Avenida Ipiranga com a Avenida São Luiz, ficou tão impressionado com aquele sentimento de plenitude que o fez gozar uma felicidade sem igual, incomparável com tudo que sentiu até hoje, não teria a coragem de procurar o seu amor.
        E se isso acontecer?
        E se eu tiver a oportunidade de escrever uma nova história? 
            Não o final de uma história, mas um novo começo.
      Não seria intrigante, saber que a vida sempre dá um jeito de nos proporcionar uma nova oportunidade?

Carta para Claire



“…’E’ e ‘Se’ são apenas duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto da sua vida.
‘E se’…
E se?

E se?
Não sei como sua história acabou. Mas se o que você sentia na época era amor verdadeiro, então nunca é tarde demais.
Se era verdadeiro então, por que não o seria agora?
Você só precisa ter coragem para seguir seu coração.
Não sei como é sentir amor como o de Julieta, um amor pelo qual abandonar os entes queridos, um amor pelo qual cruzar oceanos.
Mas gosto de pensar que, se um dia o sentisse, eu teria a coragem de aproveitá-lo.
E, se você não o fez, espero que um dia o faça."

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