EU NÃO SOU VICIADO, EU PARO A HORA QUE QUISER!
Você já ouviu alguém falando esta frase? Eu não sou viciado!
O que é ser viciado? No dicionário está explicado assim: Pessoa que se
adequa, muito profundamente, a um estilo de vida, muitas vezes prejudicial ou
incomum, ou ainda, que é dependente de alguma coisa ou substância ou alguém.
Aquele que tem vício, corrupto, impuro, falsificado. Defeito grave que
torna uma pessoa ou coisa inadequada para certos fins ou funções, inclinação
para o mal, desregramento habitual.
Triste o panorama mental daquele que por se ater a uma forma de pensar e
agir, e acaba por comprometer a sua própria identidade, afinal quando
rejeitamos a ideia que podemos ser submetidos a ações repetitivas, sem
questionamentos ou reflexões, estamos no caminho do vício.
Estar viciado é uma situação
transitória para as mentes criticas, pois estes, por mais que sejam tentados a
ações que corrompem a sua integridade e liberdade, por prazeres momentâneos,
acabam por questionar o resultado de seus atos. Os vícios nos levam a um estado
de caos funcional, tanto no aspecto físico, como emocional e mental. Seja ele,
o vício assentado em ações materiais, como a ingestão de alcoólicos, como o
pensamento preso a ideias obsessivas.
Quando perdemos a liberdade de
movimentação, também perdemos a clareza de raciocínio e a capacidade de
elaborar projetos novos, pois sempre será um obstáculo a realização de atos ou
manipulação de sentimentos, que irão nos roubar momentos de prazeres
corrompidos, falsos e impuros.
O raciocínio corrompido acaba por
distorcer a visão de mundo, que engessa nosso querer e a capacidade de criar e
transformar.
A manifestação dos vícios materiais são apenas reflexos sutis de nossos
vícios morais. Quem erradicou de sua mente vícios morais, não os manifesta
através de ações e reações comprometidas com as imperfeições que ainda fazem
parte de nossa formação pessoal.
Pensar sobre o nosso comportamento, a maneira como nos manifestamos no
mundo, interior, muito pessoal em nível de pensamento, exterior através do
convívio com nossos semelhantes, é buscar formas mais saudáveis de viver.
Quando nos propomos a modificar nossa relação com o mundo, estamos também
economizando momentos de sofrimento, afinal passamos a entender a
responsabilidade que temos diante de toda forma de vivência, que alias, são
resultados de nossas ações.
Na definição de viciado me chamou a atenção o seguinte: pessoa
que se adequa, muito profundamente, a um estilo de vida, muitas vezes
prejudicial ou incomum; isso fica bem claro, nada do que vivemos está
fora de nosso panorama mental, precisa haver afinidade, desejo, prazer, caso
contrário haveria rejeição natural ao fato ou à ação.
Se há o vício em substâncias químicas, como os alcóolicos e as drogas, é
porque esse ato o atrai, não há culpados ou mesmo indivíduos que incentivaram a
desenvolver o vício, apenas você que resolveu que dava conta de controlar algo,
do qual não aceitou a gravidade de ação. E o caminho de volta é muito mais
árduo e exigirá daquele que permitiu a existência desse vinculo terrível,
decisão firme para reconstruir uma vida.
Há também os vícios comportamentais, como o sexo, a maldade, a
maledicência, etc. todos vinculados ao nosso eu, intransferível e instrumentos
de desequilíbrio e dor.
Na atualidade me preocupa sobremaneira o uso inadequado de uma belíssima
ferramenta evolutiva, as redes sociais, os jogos interativos, a convivência
impessoal e falsa diante de perfis criados para agradar ao outro, e que acaba
por destruir a manifestação do eu verdadeiro.
Estava num restaurante com minha família, uma noite agradável, correndo
atrás dos netos, rindo com as brincadeiras, vivendo uma relação que se
desenvolve conforme aprendemos uns com os outros. Minha atenção foi desviada
por uma risada alta, que começou e terminou diante de um celular, observei as
outras pessoas da mesa, provavelmente uma família como a minha, mas cada um
entretido no seu aparelho, não olhavam uns para os outros, apenas teclavam,
intrigada percebi que riam ao mesmo tempo, ficavam sérios ao mesmo tempo, nem
mesmo o garçom servindo o rodízio era percebido por eles. Triste
impessoalidade, uma dessas pessoas, não tinha mais do que nove anos.
Esse desvio é tratado como transtorno do comportamento, há algumas
clinicas que se adequaram para dar assistência a essas pessoas.
"Em entrevista à Folha de São Paulo, o
psicólogo do ambulatório de transtornos do impulso do Instituto de Psiquiatria
do HC, Cristiano Nabuco, que atende viciados no Hospital das Clínicas de São
Paulo, conta historias chocantes. Entre elas, o caso do homem que passou dois
anos jogando, sem sair de casa, e a do adolescente que passava 40 horas
ininterruptas no computador. Ele urinava e defecava nas calças. A obsessão
invadiu até as paginas policiais, no ano passado, quando uma quadrilha sequestrou
o melhor jogador brasileiro do game Gunbound. Como resgate,
exigiram os pontos que ele acumulou em três anos de jogatina. No mercado negro,
o credito virtual valeria R$ 15 mil."
ainda:
“O psicólogo Cristiano Nabuco explica que um jovem
que tem baixa autoestima e dificuldade de se relacionar consegue constituir uma
nova imagem e se esconder atrás do computador. “O caso do vício nos mais jovens
é mais delicado e a tendência é que a intensidade do acesso nesta faixa etária
da população seja mais acentuada”, explica o especialista.”
Atenção a tudo que nos acontece, principalmente, a
nível mental, aos nossos sentimentos, como manifestamos nossos hábitos, pois a
repetição constante de uma ação, num primeiro momento nos habitua a sua
execução, para depois nos roubar a capacidade de raciocinar sobre os efeitos
que nos causa, levando a dependência extrema em não raras ocasiões. Pare um
momento no seu dia para avaliar as suas sensações e sentimentos, reflita e se
necessitar modifique a forma como tem conduzido as suas ações mentais e
comportamentais.
Estar viciado é um estado transitório para aquele
que reflete e avalia a sua dor e a sua felicidade, pois até mesmo o estado
feliz pode estar corrompido, adulterado, falsificado, o excesso de informação
inútil que transita pela rede pode sobrecarregar a função mental dos menos
avisados provocando doenças psicológicas e mentais, inclusive propiciando o
isolamento social, provocando solidão doentia, disseminação de informações
criminosas que acabam por ser banalizadas pela familiaridade, um exemplo é o
aumento de usuários de sites de pedofilia.
Prestemos atenção em nós mesmos, em nossos pequenos
que necessitam da supervisão e atenção de adultos mais equilibrados, façamos da
internet um instrumento de verdadeira evolução para o ser, somente dessa forma
haverá equilíbrio para todos nós, num planeta de criaturas mais sábias.
“Tenho mais
compaixão do homem que se alegra no vício, do que pena de quem sofre a privação
de um prazer funesto e a perda de uma felicidade ilusória”
Santo Agostinho
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